As famílias estão em casa, não estão a receber, ou, pelo menos, um dos elementos do agregado não está e têm consciência de que os valores das faxturas vão aumentar e isso causa-lhes grande angústia, sobretudo pela possibilidade de ficarem sem acesso a água e a eletricidade”, reconhece a coordenadora do Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado (GAS), Natália Nunes, que lembra que a própria Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos veio já recomendar cuidado no tratamento destas situações.
Natália Nunes destaca o bom exemplo de algumas autarquias que estão a oferecer descontos efectivos aos seus munícipes na factura da água. É o caso de municípios como o de Castelo Branco, Constância, Leiria, Maia ou Sintra, entre outros, que já anunciaram medidas diversas. No caso de Sintra, por exemplo, haverá uma redução durante dois meses de 35% na fatura da água para uso doméstico e de 20% para as empresas. Os clientes das tarifas sociais não pagarão pela água durante o mesmo período. Já a Região Autónoma da Madeira anunciou que isentaria os madeirenses do pagamento de água e eletricidade de 16 a 31 de março. A Câmara de Lisboa anunciou medidas relacionadas com rendas e taxas, mas nada relacionado com a água, e a autarquia do Porto prometeu, em breve, anunciar o seu pacote de apoio às empresas e às famílias.
“Acredito que este seja um movimento em crescendo, que vá contagiar positivamente outros municípios. O ideal seria que contagiasse o mercado e se assistisse a medidas similares por parte das empresas de eletricidade, até numa óotica de responsabilidade social destas companhias”, defende a responsável do GAS.
Contactadas as principais fornecedoras de electricidade e gás natural em Portugal, nenhuma avança, para já, a intenção de assumir algum desconto na factura dos clientes, centrando a sua acção na suspensão de cortes e na disponibilidade para flexibilizar prazos e modos de pagamento das facturas.