A humanidade terá de aprender a conviver com a constante ameaça do novo coronavírus durante um futuro próximo e adaptar-se a novas regras, dado não existir garantia de que o desenvolvimento de uma vacina seja bem-sucedido. Quem o defende é David Nabarro, conceituado médico e membro da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Nem sempre se desenvolve necessariamente uma vacina que seja segura e eficaz contra cada vírus. Alguns vírus são muito, muito difíceis no que toca ao desenvolvimento de vacinas. Portanto, para o futuro próximo, teremos de nos adaptar e encontrar maneiras de seguir com as nossas vidas com este vírus como uma ameaça constante”, alertou Nabarro, que é também professor académico de saúde global.
“Isso significa isolar aqueles que revelem sinais da doença e os seus contactos. Pessoas mais velhas terão de ser protegidas. A capacidade dos hospitais para lidar com casos terá de ser assegurada. Essa vai ser a nova normalidade para todos nós”, explicou, citado pelo Guardian.
Neste momento estão a ser desenvolvidas em laboratórios de todo o mundo 60 potenciais vacinas e tratamentos para a Covid-19. A maioria está ainda em ensaios pré-clínicos.
Já Maria Van Kerkhove, responsável da unidade de doenças emergentes da OMS, disse na sexta-feira não existirem provas de que os testes para deteção de anticorpos que estão atualmente a ser desenvolvidos venham realmente a revelar se uma pessoa desenvolveu imunidade ao novo coronavírus e se pode ou não vir a ser infetada novamente.
De acordo com o Guardian, Nabarro esclareceu ainda que todos os governos foram avisados, no fim de janeiro, sobre o quão grave se poderia tornar esta situação pandémica. “A OMS estava a seguir o surto desde dezembro e, poucas semanas depois, decidiu que este era uma emergência de saúde pública e uma preocupação internacional”, frisou.
“Esse é o nível de alerta mais elevado que a OMS pode emitir, e fê-lo a 30 de janeiro. A organização deixou então muito claro a todos os países do mundo que estávamos a enfrentar algo muito sério”.
Foto: Dado Ruvic – Reuters