
O dia e a hora estão marcados: à meia-noite da próxima quinta-feira, 14 de janeiro, a central a carvão da EDP em Sines vai finalmente desligar as turbinas de vez e fechar portas, ao fim de 36 anos a produzir energia eléctrica de origem fóssil para abastecer todo o país. Ao todo, são 1.256 MW de potência instalada que saem do sistema eléctrico nacional, pelo menos dois anos antes do que chegou a estar previsto pelo Governo.
Segundo avança a ECO/Capital Verde, fonte oficial da EDP afirmou que: “A EDP recebeu autorização da Direção Geral de Energia e Geologia sem qualquer restrição, para encerramento da central de Sines”, revelando que “tem estado sempre disponível para colaborar com o Governo no que respeita a garantir a segurança do abastecimento, e sempre que tal é necessário, estando a realizar investimentos na central do Alqueva para reforço da prestação de serviços de sistema (a nível do controlo de tensão)”.
Porquê o Alqueva? Porque, tal como Sines, esta barragem se situa no sul do país e poderia ser chamada a intervir como backup do sistema elétrico num cenário de pico. A empresa não revela o valor desses investimentos específicos para o Alqueva, mas garante que são trabalhos de manutenção e prevenção já previstos para a barragem.
António Martins da Costa, administrador da EDP, tinha já revelado no Green Economy Forum 2020, que “a EDP tem colaborado com o Governo para garantir a segurança de abastecimento do sistema eléctrico nacional com a saída do carvão”. E sublinhou: “Há uma preocupação grande” em garantir essa segurança na passagem para as renováveis. Sobre o carvão, garantiu que “já estava a dar prejuízo e a ser antieconómico. Do ponto de vista da EDP, é a decisão mais racional e economicamente mais certa”, disse.
Fonte da EDP confirma agora que “o agravamento fiscal sobre o carvão foi um dos factores — embora não o único — que contribuiu para o encerramento da central”. Em Sines, “o stock de carvão remanescente é residual”, diz a EDP, mas a central “continua disponível para funcionar, caso seja necessário, até ao fim”.
Do lado do Governo, o ministro do Ambiente e da Acção Climática, Matos Fernandes, frisou que a central termoeléctrica de Sines era responsável por 15% das emissões em Portugal e garantiu ser 100% seguro para o sistema eléctrico nacional acabar com o carvão em Sines já em janeiro em 2021, com base nas avaliações feitas pela DGEG e pela REN, “em face da redução de consumos que existiu também consequência da pandemia de Covid-19, e com uma concertação da manutenção de todas as outras infraestruturas que produzem elecricidade e que podem ser backups”.