Porto de Sines continua a fluir, perante o bloqueio de outros portos mundiais.

Segundo avança o Expresso, a pandemia tem afectado as cadeias logísticas internacionais, em particular nos portos. A covid-19 tanto dita quebras do lado dos profissionais, relacionadas com a doença, como fechos de portos e também alterações na procura de bens que complicam a gestão. No entanto, em Portugal, os portos têm funcionado com alguma normalidade, embora também aqui se notem os atrasos e mudanças de preços que acontecem ao longo da cadeia. 

“A operação dentro do porto não teve problemas como na China e Los Angeles”, conta o presidente do porto de Sines, José Luís Cacho. “Felizmente temos conseguido controlar as coisas em termos de pessoal. No caso concreto de Sines, as operações estão fluídas, não houve atrasos devido à pandemia”, garante. 

Ainda assim, admite alguns impactos: “Tem havido crescimento significativo de preços nos contentores e atrasos nas entregas”. Apesar de no porto tudo se processar normalmente e sem demoras extra, um contentor que transita da China para Europa, ou carrega na Europa e segue para outro, tem demorado significativamente, quase o dobro do tempo que demorava”, relata. Um contentor que fosse de Portugal para a China custava na ordem de 3.000 dólares antes da pandemia, e hoje custa entre 12.000 e 15.000 dólares. O presidente espera contudo que exista uma estabilização da situação no primeiro semestre, e diz que tem vindo a sentir algumas melhorias. Os responsáveis do porto de Leixões não falaram com o Expresso em tempo útil. Algo que o sistema portuário português tem de “muito bom” é que “é muito eficiente”, defende o secretário-geral da associação Fórum Oceano, Ruben Eiras. O mesmo indica como factor adjuvante que “os portos portugueses são pioneiros na janela única portuária, evoluiu para a janela única logística, onde se faz a integração digital de toda a informação da cadeia logística”. José Luís atesta que “nos portos portugueses há mais de 15 anos, desde 2005, todas as cargas são feitas de forma digital. Ajuda muito à eficiência”. No seu entender, “a tecnologia contribuiu muito para o desempenho positivo” do porto a que preside, permitindo por exemplo soluções de teletrabalho. Capitanias e alfândegas podem ter processos parciais ou totais de trabalho remoto, indica. “Portugal está a responder muito bem”, confirma ainda o director da Maersk nos países do Sudoeste da Europa, entre os quais Portugal, Diego Perdones. Por cá, a gigante dos transportes e da logística diz que não teve problemas com a infraestrutura portuária, que considera “adequada para gerir a procura de hoje”, sendo que em Portugal também não será tão elevada como noutros países. Por outro lado, aponta uma boa gestão da pandemia, e sublinha a elevada taxa de vacinação, que permitem que o problema não se agrave da mesma forma nos portos portugueses em relação a outros estrangeiros. 

Além disso, alguns dos clientes em Portugal parecem ter uma “visão de longo-prazo” que lhes permite serem menos afectados. “Aqueles que planeiam a longo-prazo têm muito menos problemas de disponibilidade”, diz Diego Perdones. E não terá tanto a ver com o sector de que estamos a falar, mas mais com a qualidade da estratégia das empresas, defende. O presidente do porto de Sines, contudo, assinala que normalmente as empresas procuravam adaptar os seus stocks a estes transit times [tempo das cargas em trânsito], que eram certos, e portanto hoje saem “fortemente prejudicadas” com a imprevisibilidade. A nível internacional, a Maersk refere que tem seguido também o caminho da tecnologia, e procurado desenvolver soluções digitais que permitam um melhor planeamento. “Quanto se tem uma maior visibilidade sobre as rotas, é mais fácil fazer previsões”, diz. Neste sentido, o esforço é o de colaborar com os clientes e entregar-lhes o máximo de informação. 

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