
O mercado vai continuar “apertado” ao nível da oferta de petróleo e os preços altos vão durar provavelmente um ano, admitiu o presidente executivo da Galp, referindo previsões dos analistas. Andy Brown considera contudo que a procura e a oferta serão reequilibradas com uma maior entrega por parte dos produtores para compensar eventuais quebras que venham da Rússia, permitindo baixar preços. Mas o “gás é um problema mais grave e a longo prazo”, sublinhou o gestor durante um encontro com jornalistas realizado esta quarta-feira.
O gás russo chega à Europa sobretudo através de gasoduto e para o substituir seria necessário importar de outros mercados, e esses países não têm capacidade extra necessária e os novos projetos de Gás Natural Liquefeito são caros e demoram anos a construir. Além disso, o preço do gás está a fixar o da eletricidade. Os preços de gás estão agora mais calmos porque está menos frio, mas se olharmos para os preços a prazo ainda estão muito altos, na casa dos 200 dólares. É o dobro do preço do petróleo quando o normal era estar em metade. “Temos de continuar preocupados com os preços da eletricidade por causa do gás”, que, ao contrário do petróleo, demoram mais tempo a ser sentidos pelo consumidor final.Para Andy Brown, Portugal e Espanha estão a fazer bem em tentar desligar o preço da eletricidade do do gás natural. E se esta terça e quarta-feira os preços da eletricidade no mercado grossista caíram para valores muito inferiores aos dos últimos meses — abaixo dos 100 euros por MW hora, fechando mesmo a 6 euros a uma hora — isso é explicado por causa do vento que abasteceu mais de metade do consumo em Portugal. Mas esta é uma situação pontual em que as centrais térmicas não foram necessárias para abastecer a produção devido à geração extraordinária a partir do vento.
Para o presidente executivo da Galp, a crise energética permite tirar várias lições: uma delas é que, em fase de transição energética, “não podemos parar de investir em petróleo e gás quando o mundo ainda funciona a petróleo e gás”. E recordou os decisores políticos que defendem essa abordagem para acelerar a transição energética, bem como os efeitos da paragem de novos investimentos em capacidade e manutenção na sequência da pandemia e que resultaram na redução da capacidade de oferta que já era sentida antes da guerra na Ucrânia.