
Inserida nas iniciativas paralelas do FMM Sines – Festival Músicas do Mundo, a mostra constitui um alerta da sua autora, Ana Baleia, que materializa em peças artísticas a forma como se relaciona com o problema das toneladas de roupa descartada.O conjunto de peças de instalação e escultura, que compõem “A_Wear”, tem assim, como principal matéria-prima, roupas usadas que foram deitadas ao lixo.Ana Baleia chamou à exposição “A_Wear”, palavras que brincam com o “vestir” e com a sonoridade da expressão em inglês, que a artista traduz como “estar alerta, estar a par”, como explicou à agência Lusa.A autora da exposição acredita que é preciso haver mais consciência da roupa toda que vai parar ao lixo, e da quantidade de roupa que compramos. Após ter estudado Design de Moda, que tem os têxteis como matéria-prima, Ana Baleia atravessou áreas diferentes no setor. E quando trabalhava junto da produção massiva de roupa para grandes marcas, que vendem para grandes segmentos do mercado, percebeu a “poluição toda”, a sua dimensão, e a forma como as pessoas trabalham.O fenómeno apaixonou-a ao ponto de ir à Índia ver o que se passava e falar com pessoas envolvidas na produção. Na Ásia, percebeu “perfeitamente” a forma como as peças são negociadas, os preços que se pagam, a forma como as pessoas trabalham e são tratadas. “E há sítios piores do que a Índia”, denuncia, em declarações à Lusa.“Custa-me muito ver aquelas imagens do deserto no Chile, cheio de roupa, dos aterros, da forma como as pessoas não se conseguem livrar da roupa”, acrescenta.
Ana Baleia acredita que a solução é fazermos um “rewind” e não comprar tanta roupa.“Sei que muitas pessoas compram roupa barata, porque é a única que conseguem comprar. Também entendo isso. A moda, se for muito cara, não chega a todos, mas acho que podemos selecionar melhor”, recomenda.