
A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) alertou hoje que cerca de 70 mil pessoas estão sem acesso a esses cuidados num país que quer “colocar a morte a pedido como possibilidade” com a lei da eutanásia. “O tratamento atempado e adequado do sofrimento decorrente de uma doença grave e ou ameaçadora da vida tem de estar obrigatoriamente garantido num país que quer colocar a morte a pedido como possibilidade”, adiantou a APCP em comunicado. Sem essa garantia, a associação considera que fica restringida a escolha dos doentes, que podem ser levados a “tomar uma opção limite, irreversível e desajustada que poderia ser diferente, desde que estivessem assegurados os cuidados adequados a quem quer continuar a viver com qualidade e apoio” de profissionais qualificados.
A lei que está na Assembleia da República “é, por isso, extemporânea e incompreensível”, sublinhou a APCP, ao avançar que a “literatura demonstra que doentes que ponderaram eutanásia redefiniram as suas opções, quando passaram a ter um acompanhamento focado na sua qualidade de vida, com rigor, competência e humanismo”.
De acordo com a associação, seis anos depois do primeiro plano estratégico para os cuidados paliativos, as equipas existentes continuam a não ser suficientes para as necessidades do país, tendo em conta que em Portugal cerca de 100 mil pessoas que necessitam desse tipo de cuidados, dos quais 70% estão sem acesso efetivo aos mesmos.