Sines “é uma alternativa pequena, à escala portuguesa”

Instado a comentar durante uma entrevista ao Notícias ao Minuto, sobre a possibilidade do porto de Sines ser relevante para entrada de gás do Qatar, por exemplo, Ângelo Correia afasta esse cenário e sublinha que há portos mais estratégicos.

“O cenário, imaginando que vamos ter um papel relevantíssimo, não vamos. Não vamos, é subalterno e subsidiário”, diz, explicando que o LNG [Liquefied Natural Gas, em inglês], gás natural líquido vem a temperaturas de -140 graus e a pressões de 160 bares.

Portanto, “comprimido na forma líquida, sai do Qatar, vem através do Golfo do Suez” e entra no Mediterrâneo. Ora, “antes de chegar a Portugal passa em alguns sítios fundamentais” como Itália e França, sendo que o desembarque do LNG poderia acontecer em território francês, prossegue.

“Mas, supondo que chega à Península Ibérica, antes de chegar a Sines passa em Barcelona” – sendo que Espanha tem cerca de meia dúzia de unidades de gaseificação -, “logo, é preciso que Portugal tivesse uma estação de gaseificação, que é curta”, pelo que tinha de “aumentar muito mais”, elenca.

Em segundo, “tínhamos que competir em preço com entidades que já existem – seis ou sete em Espanha – que estão subaproveitadas e como estão subaproveitadas, isto é, foram dimensionadas para grandes quantidades, não é utilizado. Mas os custos já lá estão todos incorporados”, recorda.

Além disso, admite, o preço de transfega – transferência do gás do metaneiro para uma rede de ‘pipelines’ – poderá ser “mais barata em Espanha”.

Ou seja, “temos que fazer contas porque nestes negócios não há apenas uma visão geopolítica, nem uma visão de amizade: há custos, há preços e há lucros” e, nesse sentido, o Qatar, ou a proprietária do gás que vem do Qatar, e o destinatário vão ter de fazer contas.

E portanto, “eu acho que as contas em Espanha podem ser mais baratas que em Portugal, do que em Sines”, sublinha.

Agora, Sines tem o seu papel? “Tem, mas é capaz de ser mais útil para gás, por exemplo, da Nigéria” e, “se calhar também, nos Estados Unidos”.

No entanto, “chegar a Sines ou chegar a Amesterdão ou Antuérpia ou outro porto europeu é capaz de ser mais barato e mais rápido”, admite Ângelo Correia, ressalvando que é preciso fazer as contas.

“Mas não tenho é a ilusão de que Sines é uma grande alternativa. É uma alternativa pequena, à nossa escala. E não mais do que isso”, remata.

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